"HISTÓRIAS DA PIDE - QUANDO SALAZAR MANDAVA " DE JOSÉ PEDRO CASTANHEIRA

 

Este é o primeiro de dois volumes da obra do jornalista José Pedro Castanheira sobre a PIDE , a tristemente famosa polícia política da ditadura derrubada em 25 de Abril de 1974.

Esta primeira parte trata dos desmandos  efectuados em Portugal Continental : assim se fica a saber, por exemplo, que Calouste Gulbenkian foi preso e interrogado ,   conhecendo-se também a versão de Rosa Casaco sobre o assassinato de Humberto Delgado , "o general sem medo " , em Espanha ,  tal como a chantagem sobre  Craveiro Lopes, antigo presidente da República, e a devassa da correspondência do bispo Eurico Nogueira.

O segundo volume intitula-se " Histórias da PIDE  - Quando Caetano mandava" e o tema será a atuação da mesma polícia de repressão nas antigas colónias portuguesas.

Sem dúvida ,  uma obra a ler, particularmente pelas gerações mais novas, para que saibam o que André Ventura  apoia e qual a sua ideologia quando grita a  todos os ventos que "Portugal  precisa de três Salazares ".

EXCERTOS:

 - "Em 21 de Maio de 1965, o Diário de Moçambique foi suspenso pelo governador-geral. Órgão da diocese da Beira, fundado por D. Sebastião Soares de Resende, o jornal era uma voz prestigiada e teimosamente independente.

A homília deste bispo, dita na Sé de Lourenço Marques, no 25º aniversário da Concordata e do Acordo Missionário, fora publicada na íntegra, não acatando os cortes da Censura. Um despacho do governador suspendeu o jornal por dez dias. Era mais um fator a agravar o conflito entre o bispo da Beira e o poder colonial.

D. Eurico Nogueira colocou-se de imediato ao lado de D. Sebastião e protestou junto do governador."

_ "Conhecedor do romance do velho marechal Craveiro Lopes com uma senhora casada, e na posse dos elementos de prova obtidos pela PIDE, alguém altamente colocado no interior do regime decidiu passar à chantagem. Com o objetivo de controlar os seus passos , de condicionar as suas incursões pela política, de o domesticar - no limite , de o silenciar."