Meu caríssimo Urbano, no dia em que o seu corpo será cremado , não posso nem quero nem devo deixar passar em claro o agradecimento público pela amizade com que me honrou e pela generosidade imensa de ter escrito um prefácio para o livro onde recolhi alguns dos meus poemas...e que, claro, jamais chegou a ver a luz do dia editorial. Portugal , com a sua partida, fica ainda mais pobre e triste; perde(mos) o seu sorriso, o seu profundo humanismo, a sua convicção ideológica. Que nunca alterou, mas que também nunca o deixou pactuar com , por exemplo, barbaridades como o esmagamento da Primavera de Praga pelos tanques de uma URSS invasora e impiedosa. A sua sensibilidade e abertura permitiu-lhe sempre viver amizades verdadeiras com pessoas bem diferentes do seu quadrante político. Por isso, se deu sempre muito bem com Mário Soares e Helena Roseta é madrinha do seu casamento com a Ana( e aqui, desculpe a frontalidade que sempre soube ser ...