
Será que todos nós sabemos o motivo ou ainda recordamos a razão desta efeméride?... Talvez não.
Numa época de franco retrocesso nas relações laborais em Portugal, com a classe trabalhadora a perder protecção no Código Laboral que o Governo actual se prepara para fazer entrar em vigor e com uma intrincada rede de interesses a asfixiar a classe média e a força de trabalho, penso que será bom dar aqui uma breve resenha histórica acerca desta data.
Teremos que regressar ao século XIX, época em que os trabalhadores não possuíam nenhum tipo de protecção nem nenhuma espécie de direitos. Para mim, é este o sonho maior dos empresários portugueses , na sua maioria!
Falando claro: não tinham férias nem descanso semanal, trabalhavam desde crianças num horário de treze horas diárias, reforma e baixa por doença não existiam.
Face a este regime de quase escravatura, os trabalhadores de Chicago levaram a efeito uma greve geral para redução do horário de treze para oito horas por dia, a um de Maio de 1886.
O patronato e o Governo reprimiram violentamente a greve com todos os meios à sua disposição: cargas policiais, prisões, despedimentos. Inclusivamente, foi decretado estado-de-sítio.
Além destes dispositivos legais, lançaram mão da contratação de mercenários para atacarem fisicamente os sindicatos e as casas de quem aderiu às reivindicações.
Os principais dirigentes foram aprisionados e levados a julgamento sob as acusações habituais nestes casos : arruaceiros, perturbadores da ordem pública, inimigos da pátria.
E assim, após vários meses de audiências, caíram sentenças pesadíssimas sobre estes oito homens:
= MICHEL SHWAB - prisão perpétua.
= SAM FIELDEM - prisão perpétua.
= ÓSCAR NEEB - 15 anos de prisão.
= GEORG ENGEL - morte na forca.
= LOUIS LINGG - morte na forca, que não cumpriu : suicidou-se na prisão.
= ADOLPH FISCHER - morte na forca.
= AUGUST SPIES - morte na forca.
= PARSONS - morte na forca.
A um de Maio de 1889, o Congresso Socialista decidiu, em Paris, criar esta data para homenagear quem dera a sua vida pela melhoria das condições laborais de quem vive da sua força de trabalho.
Escusado lembrar que , no nosso país, só com a queda da ditadura de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano foi possível a celebração do 1º de Maio.
Permitam que lembre ainda a revolta dos trabalhadores catalães, nos inícios do século XX, contra as péssimas condições de trabalho nas fábricas dos ricos burgueses , cujos palácios eram construídos baseados em salários miseráveis e uma desenfreada exploração .
Claro que a igreja católica , na linha de toda a sua existência, se colocou ao lado do patronato naquela que ficou conhecida pela "Semana Trágica".
Como lucidamente August Spies afirmou perante o Tribunal que legalmente o assassinou por reivindicar os seus direitos , o movimento reivindicativo dos assalariados não conheceria retrocesso daí para o futuro.
Esperemos que actualmente também não!!
Recordemos a inesquecível cantautora Violeta Parra " Que Dira el Santo Padre?":
http://www.youtube.com/watch?v=7z75uz6xC6U