10,30 H de 25/8/1988 : foi quando de chofre vi na televisão as imagens chocantes de uma cidade , cujo coração estava a ser devorado por um incêndio que devastava tudo e fazia subir a uma altura enorme uma densa coluna de fumo negro destacando-se contra a luminosidade do céu azul e sem nuvens.
Deambulava por um Centro Comercial, fazendo tempo até à chegada da colega com quem formava equipa de supervisão às IPSSs do Barreiro , a fim de termos reunião numa delas porque mais uma vez estava a defraudar o Estado, não respeitando o Acordo de Cooperação entre as duas partes.
Repentinamente, fiquei defronte de um televisor e a cena era dantesca, com chamas e bombeiros defrontando-se ferozmente , metro a metro...e só alguns minutos depois consegui perceber ser o Chiado que desaparecia ali à minha frente, desfeito em cinzas.
O incêndio começara no Grandella, pensa-se que provocado por mão criminosa, e estendeu-se a toda a zona, destruindo os Armazéns do Chiado, a pastelaria Ferrari, a Casa Batalha, o Eduardo Martins, a Perfumaria da Moda. Além dos estragos materiais imensos, inúmeras pessoas ficaram sem emprego de um momento para o ouro.
Mais tarde, pouco tempo depois, fui ver com os meus próprios olhos toda a área queimada e acompanhei sempre os trabalhos de reconstrução. Felizmente,não recolocaram os canteiros que impediram o acesso aos bombeiros. Ironicamente, no exercício recentemente efectuado tudo correra bem.
Com o terrível terramoto de 1755, este incêndio (assim como as cheias de 1968 na região de Lisboa) foi uma das maiores catástrofes da capital.
A recuperação está feita e respeitou ainda assim aquilo que, para as gerações mais velhas, era o Chiado.
Claro que muitas das lojas são diferentes e outras , entretanto, encerraram ou mudaram de ramo. Mas ainda é o coração de Lisboa.
Quanto à memória daqueles momentos trágicos , passado um quarto de século, tenho-a vivíssima e penso que assim continuará até ao momento da minha morte.
Continua a ser o coração de Lisboa e eu procuro arranjar pretextos para ir até lá uma vez por semana!
ResponderEliminarTambém jamais esquecerei este dia tão trágico para todos os lisboetas e sobretudo para os dois mil que ficaram no desemprego!
Abraço
Acho que ninguém esquecerá o choque tremendo de ver o Chiado a ser devorado pelo fogo nem o dramas das pessoas que se encontraram desempregadas de um momento para o outro.
ResponderEliminarQuando posso passo por lá, mas dói-me o encerramento das livrarias "Portugal" e "Sá da Costa" e a Bertrand não ter livros franceses à venda.
Bom domingo.
E eu faltei às aulas só para poder ficar em casa a ver na tv, apesar de não ser do Porto, Lisboa a arder é muito apelativo. bom domingo
ResponderEliminarAi, achas? Pois eu não acho nada: ainda se fossem os ministérios e/ou as mansões construídas à nossa custa...
ResponderEliminarFica bem
Também me recordo como se fosse hoje! Foi a TV que me surpreendeu com essa notícia e ali fiquei horrorizada a assistir...
ResponderEliminarbjs
Fiquei completamente petrificada ao perceber que o incêndio era em Lisboa e muito chocada quando vi os estragos imensos no Chiado.
ResponderEliminarAbraço.te
Foi o golpe final na Valentim de Carvalho e seus frequentadores, entre os quais eu me incluía. As minhas idas a Lisboa terminavam sempre com uma demorada visita nos expositores dos discos dessa loja icónica.
ResponderEliminarNessa manhã eu e o Luis fomos para a Avenida da Praia ver, lá na outra margem, a imensa coluna de fumo que se elevava nas alturas.O coração apertado.
Assim se faz a História.
Abraço longo, minha querida
Fiquei siderada, pois era um bocado da História de Lisboa e esvai-se, porque houve um estupor qualquer que assim entendeu.
ResponderEliminarFica-lhe na consciência , além do mais, a morte de um bombeiro.
Abraço grande, meu bem
Como o tempo passa amiga, eu estava de férias e estava a caminho do Portugal dos pequeninos com os filhotes
ResponderEliminarbeijinhos
Eu penso que esta data é daquelas em que toda a gente sabe onde estava e o que fazia no momento, sabes?
ResponderEliminarE , como bem dizes, o tempo é areia por entre os dedos...
Que seja feliz a tua semana, lindinha
São, esse fogo me fez lembrar que é repetição de um incêndio que ocorreu há talvez 1 anos em Portugal. Os dois terríveis. Torço pelo seu fim e pela recuperação das áreas e pessoas afetadas. Muito triste.
ResponderEliminarGrande abraço.
Muito mau! Nem quero que me lembrem! Já não morava em Lisboa e estava de férias em S. Pedro de Muel. O que eu e a minha mãe chorámos frente à televisão a ver o nosso Chiado a ser devorado! O nosso Eduardo Martins que desapareceu completamente!
ResponderEliminarPassado um mês também a minha mãe desapareceu. De um dia para o outro. E era tão nova ainda! E fazia-me/nos tanta falta!
Annus horribilis para mim no tempo que se seguiu...
Eu comecei a ver o fumo quando descia a Padre Cruz a caminho do Campo Grande, por volta das 7H00, para levar a filhota à camioneta da colónia de férias e ir trabalhar.
ResponderEliminarUm abraço
Somos duas a não esquecer aqueles trágicos momentos, São! Aliás, odeio incêndios, mas estar longe e ver o coração da minha cidade a arder... foi demais e chorei imenso nesse dia!
ResponderEliminarBeijocas!
Também tenho a impressão que nunca irei esquecer a tragédia.
ResponderEliminarBjs
Eu estava a 16 mil kms de distância e 8 horas de diferença. Quando soube da notícia já era final da tarde e disparei para casa, para saber o que se tinha passado. Quando vi as imagens não queria acreditar que fosse verdade e nessa noite não dormi. Dia muito triste, apesar de nessa altura Lisboa ainda não ser a minha cidade.
ResponderEliminarUma noite tranquila e uma boa semana
Acho Lisboa feia, para capital do império temos a Amadora.
ResponderEliminarMi muy querida amiga Sao.
ResponderEliminarLisboa, bella, interesante, histórica.
Gracias por compartir tus vivencias.
Gran abrazo!!
Si, Lisboa é tudo isso, mas já sofreu grandes tragédias.
ResponderEliminarBesos, estimado amigo mio.
Oh, meu caro TÁXI, Amadora? Não! Só Massamá!!
ResponderEliminarBoa semana
Fiquei petrificada defronte do televisor , sem capacidade nem de reagir nem de entender imediatamente o que se estava a passar. Imagino quem estava assim tão longe...
ResponderEliminarBoa semana, CARLOS.
Lisboa a arder é algo inesquecível, LILÁ, irá ficar para sempre, acho eu.
ResponderEliminarBoa semana
TETÉ, estar longe complica ainda mais as coisas, penso eu.
ResponderEliminarChorar não chorei, que não sou muito de choros. E o que isso tem de doloroso em certas ocasiões, meu DEus!!
Adoro fogo, mas claro que não em tragédias...
Boa semana
Imagino o que sentiu...
ResponderEliminarE como reagiu a garota?
Bons sonhos, LINO
CLARICE, os fogos em Portugal no Verão são uma tragédia. Sem fim à vista nem responsáveis na prisão.
ResponderEliminarEste ano morreram já dois bombeiros e um bombeira, além de várias dezenas com ferimentos mais ou menos graves.
Pensa que Passos Coelho(Primeiro Ministro) e Cavaco Silva disseram uma única palavra pública ou escreveram alguma frase no facebook? Desengane-se!
Cavaco só lamentou no mural oficial a morte de António Borges, economista funcionário do famigerado Goldman-Sachs que estando Poprtugal numa situação de alto desemprego e um milhão de pessoas abaixo do limite da pobreza, defendeu impostos brutais sobre os rendimentos do trabalho e redução urgente de salários -incluindo o ordenado mínimo, que é de 485 Euros.
Beijinhos.
Realmente, GRAÇA, foi uma época terrível na tua vida, essa!!
ResponderEliminarFrente à televisão fiquei , primeiro sem perceber bem onde era o incêndio dada a intensidade do fumo.
Quando , finalmente, comecei a identificar o Chiado tive um choque tremendo.
Chorar , não o fiz porque tenho grande dificuldade em me libertar através do pranto. E, além disso, tinha uma reunião com uma das adoradas IPSSs do actual Governo, que estava a lesar o Estado, pelo que não me podia descontrolar.
Bons sonhos
Uma grande tragédia, mas felizmente o encanto do Chiado perdura no tempo.
ResponderEliminarFizeste bem em recordar.
Tens imagens daquele então, do incêndio?
Um abraço imenso
Não tenho imagens do incêndio, não!
ResponderEliminarTinha depois e também da reconstrução, mas como eram do meu filho, levou-as quando saiu de casa.
Sim, também acho que o Chiado - embora com alterações - continua bonito!
Enorme abraço, amigo.