Eu queria chamar-me Manuel
e viver tranquilo na minha terra
ir à tardinha com os amigos ao café
e falar do tempo sem pensar que a seca
trará a flor da fome às searas queimadas.
Eu queria chamar-me Manuel
e ter uma casa, água e luz,
fazer um filho livremente
sem pensar na subalimentação
física nem mental.
Eu queria chamar-me Manuel,
ter emprego e não pensar
que os salários estão atrasados
e talvez o desemprego esteja à espreita
e a fome seja o jantar do próximo mês.
Eu queria chamar-me Manuel
e continuar a pensar Abril,
como a esperança da minha terra.
Eu queria chamar-me Manuel...
e sou apenas o emigrante.
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"BENVEGUT AQUÈL QUE NOS VEN MANS DEBÈRTAS"
(Saudação Cátara)