Pode parecer estranho o título deste meu texto, reconheço. Porém, é mesmo de liberdade que se trata na questão da morte assistida ou da eutanásia.
Considero que se a morte é parte integrante da vida, mesmo sendo o seu encerramento , cada pessoa tem o pleno direito de decidir quanto a ela.
Sou totalmente contra a pena de morte tanto quanto sou contra a pena de vida.
Li o livro de Ramón Sampedro ( e vi também o filme, protagonizado por Javier Bardem) , condenado a viver trinta anos imobilizado numa cama, completamente lúcido e numa luta incessante para lhe ser permitido morrer , como sempre quis desde o acidente que o paralisou.
Assumo que lido muito mal tanto com o sofrimento como com a dependência e, por isso, estou disposta a praticar morte assistida ou a permitir a eutanásia.
Aliás, quando o médico me diagnosticou a doença mortal e complicada de que sofro , a minha primeira reacção foi mesmo a de lhe dizer que iria a um país onde é permitida a morte assistida quando começasse a perder qualidade de vida.
Considero de um cinismo atroz a posição da igreja católica, cujo catecismo permite a pena de morte em alguns casos e tem posições absolutamente desonestas na discussão deste tema.
O mesmo se passa com os partidos de Direita : falam muito nos desfavorecidos e clamam por cuidados paliativos, mas Galriça Neto ( médica, deputada do CDS) gere uma clínica onde, há anos, o custo diário era de trezentos euros. E quem pode pagar seis mil euros por mês ,numa instituição em Palmela, além de quem tem enorme poder económico? Quando dizem que "a saúde não é um negócio " atingem o máximo da falta de vergonha.
Dito isto, considero que a questão deve ser incluída nos programas eleitorais dos Partidos e analisada com ponderação , dando todas as salvaguardas para se evitarem situações menos adequadas.
E se a eutanásia pode, eventualmente, levantar algumas questões, a morte assistida não levanta nenhumas , pois é a própria pessoa que toma ou injecta a substância letal.
Dado que só cinco votos impediram a legalização na recente discussão em Assembleia da República, espero sinceramente haver agora tempo para uma ponderação e discussão do tema e que a aprovação aconteça na próxima legislatura.
Porque , de verdade, gostaria de morrer em Portugal.