terça-feira, agosto 27, 2013

"NU ENTRE LOBOS"


"Nu Entre Lobos" passa-se no Campo de Concentração de Buchenwald e conta, baseado em factos reais, a história de como entrou no Campo ,sendo depois protegida pela rede clandestina  de resistência organizada dos prisioneiros, uma criança  muito pequena.
 
Bruno Apitz(1900-1979), o autor da obra, de nacionalidade alemã, cumpriu dois anos de prisão , na Primeira Guerra Mundial, por ser pacifista.
 
Assim que Hitler chegou ao Poder, foi preso por ser militante comunista desde 1927, sendo enviado três anos mais tarde como  trabalhador escravo para a construção do referido Campo, onde esteve  durante toda a existência deste e de onde saiu, com os últimos prisioneiros, em 1945.
 
O romance é muito interessante porque foca a maneira como os presos conseguiram montar uma organização de resistência sem preocupações de nacionalidade  nem  de crenças religiosas, a rede de ligações, a hierarquia, as cumplicidades, os subterfúgios com que iludiam os carrascos.
 
Tudo se complica quando na chegada de um comboio , chega a criança - dentro de uma mala de viagem trazida por um dos presos.
 
Vêm ao de cima o cumprimento rigoroso da disciplina, fortes problemas de consciência,o risco enorme ao protegerem a criança.
 
E tudo suportam porque  os nazis  , apesar de saberem a guerra perdida, não deixam de torturar nem de matar . Nalguns casos, arrastando consigo em penosas e longas marchas forçadas de um campo de  extermínio para outro quem os ocupava , provocando a morte por exaustão ou puro assassinato de  largos milhares de pessoas.
 
A obra foi adaptada ao cinema e ao teatro, por exemplo, além de ser traduzida em dezenas  de línguas.
 
Recomendo a sua leitura, até porque nos  lembra que  podemos sempre resistir e conservar a nossa dignidade e a nossa bondade. Mesmo em condições muitíssimo difíceis, porque - ao contrário do que é agora moda afirmar - existe sempre alternativa.
 
 
"«Ah, tu não perceber alemão. Nós vamos-te dar umas lições de alemão, Kropinski
Reineboth tinha propositadamente agarrado o polaco em primeiro lugar. Queria que Hofel visse.O corpo nu ficou como que aparafusado no cavalete. Depois o tormento começou. Os chicotes de Reineboth e Mandrill silvavam e os golpes sucediam-se. O sangue espirrou e correu pelas coxas abaixo. Os golpes seguintes acertaram em cheio na carne viva. Kropinski desmaiou. Reineboth olhou para Hofel para ver a sua reacção. Este estivera todo o tempo rígido e hirto. O seu rosto estava petrificado de horror. Reineboth ficou satisfeito com isso, deu-lhe com a vergasta ensanguentada uma pancadinha no peito e apontou para o cavalete. Com as pernas rígidas, Hofel avançou alguns passos, e os Blockfuhrers* agarraram-no e estenderam-no em cima do cavalete." 
 
 
* Blockfuhrer - baixo funcionário SS , supervisor de Bloco. 

16 comentários:

  1. Falta-me coragem para ler mais uma obra sobre as atrocidades da guerra.
    Um abraço e uma boa semana

    Parabéns pelo novo layout

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  2. Conhecia já a frase!
    Quanto ao livro talvez arranje coragem para o ler!
    Claro que temos sempre alternativas!

    Abraço

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  3. Para ler esse livro tenho de estar numa disposição especial, pois nem sempre consigo ler sobre todas essas atrocidades, sem que isso me afete demais! Emocionar e comover faz parte, mas de momento passo bem sem a angústia extra! Mesmo assim, obrigada pela sugestão! :)

    Beijocas!

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  4. Relatos destes são difíceis de ler mas despertam-nos para as realidades da História que não podem ser esquecidas.
    Abraço do Zé

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  5. Este livro , acho-o importante porque nos fala de uma faceta menos conhecida : a das redes de resistência que os prisioneiros /as montavam nos Campos e que , de algum modo, conseguiam , por vezes, gorar as intenções dos nazis.

    Estou cansada de ler coisas sobre os judeus, como se fossem as únicas vítimas de Hitler. Não consigo perceber como é que os próprios judeus não se lembram das pessoas de todas as nacionalidades, crenças e idades foram gaseadas e cremadas.

    Em Birkenau( Auschwitz II) , numa só noite, foram assassinados milhares de ciganos, em famílias inteiras!

    E agora vamos ter outro ataque à Síria igual ao que aconteceu no Iraque e assim se vai construindo o objectivo da extrema-direita sionista: a reconstrução do Grande Israel!

    Tudo de bom

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  6. TETÉ. o livro é duro, sim.

    Mas sai daquele tema habitual de os judeus aparecerem sempre como exclusivas vítimas - como se não houvessem milhões de outras e as primeiras tivessem sido as pessoas deficientes alemãs .

    Dá uma nota de esperança, na medida em que mostra ser sempre possível lutar e , no fim, até acaba bem, isto é, com a salvação da criança e a derrota dos nazis.

    mas compreendo perfeitamente que não seja o livro mais indicado para os momentos que vivemos e em que acaba de ser noticiada a morte de um dos bombeiros internados(Paz à sua alma!)

    Tem bom dia.

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  7. E mais vale morrer lutando do que nos deixarmos abater sem resistência.

    O interesse do livro é o de fugir ao omnipresente holocausto e tratar de outras facetas do que foi o horror de se (sobre)viver num campo de concentração, sem condições de espécie nenhuma e sob a ferocidade nazi.

    Bom resto de dia, ROSA

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  8. DE facto o livro relata atrocidades, mas foge do tema comum, isto é, da perseguição aos judeus e monstra como, em qualquer circunstância, podemos resistir e isso é uma nota de esperança sempre presente em todo o livro, até porque Hitler foi derrotado e a criança é salva.

    Grato beijo, rrss

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  9. Vou procurar ler!
    Abraço

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  10. OI SÃO!
    CADA VEZ QUE SE LÊ, OU VÊ UM FILME SOBRE O HOLOCAUSTO NOS APAVORAMOS E FICAMOS COM O CORAÇÃO, CONFRANGIDO, PELAS BARBÁRIES QUE SE NOS SÃO MOSTRADAS.
    VOU VER SE TEM O FILME, FIQUEI INTERESSADA, SE NÃO CONSEGUIR TENTAREI LER O LIVRO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  11. O pior , sabe, é que estas atrocidades continuem sendo cometidas e que Israel tenha feito de Gaza um campo de concentração a céu aberto, sem condições e onde os palestinianos não têm direitos.

    Impossível esquecer os massacres de palestinianos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila!!

    Bons sonhos

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  12. Lei, porque penso que gistará, pois , pelo menos, demontra que se pode sempre resisitir e que não foram só judeus as vítimas dos alemães!

    Bons sonhos, LINO

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  13. Já me tinham falado desse livro, mas não tive ainda coragem para o comprar, porque há temas a que hoje em dia sucumbo com facilidade.

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  14. A mim foi-me emprestado por um amigo, juntamente com outro de Joseph North:"Nenhum Homem é Estrangeiro".

    Só que, como outro amigo meu (que foi professor em Timor e , dada a péssima situação aqui, poderá regressar)me recomendou "A Ilha das Trevas" eu comprei-o e já o comecei a ler.

    O livro relata o período entre o abandono da ilha pelos portugueses até à independência e , como ele avisara, também não é de fácil leitura.

    Como já estou cansada de só os judeus aparecerem como vítimas, este livro é algo de novo pois sai desse universo exclusivo e fechado, dando-nos uma outra perspectiva da realidade nos Campos nazis.

    Mas é duro, relata claramente os métodos de tortura e os perigos corridos por quem tinha actividades clandestinas.

    Bons sonhos.

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  15. Nas prisões (ou nos países tarantas sob apoio estrangeiro) criam sempre essas redes.

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  16. Parece que sim...

    Fica bem

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"BENVEGUT AQUÈL QUE NOS VEN MANS DEBÈRTAS"
(Saudação Cátara)

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