PORTUGAL, PARADO NO TEMPO

" A maioria dos alimentos era importada. Os lucros auferidos ficavam quase todos nas mãos dos privados, enquanto o Estado era obrigado a aguentar a despesa de uma marinha enorme e cada vez mais ineficaz. Quase todos os ricos, em Portugal, tinham sido isentos pelo rei D. Manuel de pagar impostos. D. João III, na impossibilidade de cobrar tais impostos, começou a vender títulos do tesouro no mercado financeiro de Antuérpia, sendo os juros liquidados através da emissão de novos títulos. « Deparam-se-me inúmeras razões para desesperar», escreveu-lhe , na altura, o tesoureiro real. O rating de crédito de Portugal caiu de tal maneira que os banqueiros , em Antuérpia, exigiram uma taxa de juro de 25% ao ano. Quando D. João morreu , em 1557, os títulos portugueses do tesouro tinham-se tornado naquilo que, nos mercados actuais, é conhecido por distressed paper, ou seja, mudavam de mãos, quando se arranjava comprador para a sua totalidade, por 5% do seu valor facial." MARTIN PAG...