ELEIÇÕES , UMA ANÁLISE

Peço que quem me dá o gosto da sua presença aqui me escuse a veleidade de tentar analisar as eleições legislativas que ontem tiveram lugar em Portugal.

E, ainda mais, a minha tomada de posição relativamente aos resultados.

Mas não abdico de reflectir sobre um tema tão importante para a vida de todos e todas nós.

Em primeiro lugar , critico severamente quem nem sequer se dignou participar no acto eleitoral. Dado o altíssimo valor da abstenção, fico com a vincada impressão de a essas criaturas serem completamente indiferentes o país e o seu futuro.

Em consequência, perderam todo o direito de abrir a boca para debitar seja o que for acerca da situação em que nos encontramos.

Em segundo lugar, por muito que me custe, sou obrigada a reconhecer a razão desse ente chamado Alberto João Jardim ao achar incrível a maioria relativa dada ao Partido Socialista, após tudo quanto se passou ao longo de quatro anos de uma legislatura com sinais bem vísiveis de autoritarismo.

E, no entanto, do mal o menos, pois seria terrivelmente desastrosa a eleição de Manuela Ferreira Leite, dadas as flagrantes contradições entre o discurso e a prática.

Como pode falar em diálogo e afastar Passos Coelho das listas?!

Como pode acusar de "asfixia democrática "Sócrates, no Continente, e apontar como exemplar Jardim, na Madeira?!

Como pode arvorar-se em defensora da Verdade e colocar António Preto e Helena Costa nas listas?!

Eu ouvi-a afirmar que rasgaria toda a política desenvolvida pelo Partido Socialista e ouvi-a negar que o tenha dito!!

Além disso, a imagem de recém chegada à arena política é falsa, pois ninguém esqueceu a péssima Ministra da Educação e a incompetente Ministra das Finanças que foi!

Outro facto altamente proeocupante é a subida do CDS/PP de Paulo Portas.

O terceiro lugar que obteve vai dar-lhe um cabedal de poder face ao PS - e até ao PSD -altamente indesejável.

E falo no PSD porquê? Porque Cavaco Silva e a sua equipa podem desatinar de vez - veja-se a tristissima estória das "escutas" - e colocar a governação nas mãos do PSD coligado com o PP.

Quanto ao Bloco de Esquerda e à CDU tiveram bons resultados, mas não sei qual será a utilização que lhes pretendem dar.

Considero perfeitamente irresponsável a hipótese ( infelizmente bem provável) de, mais uma vez, a Esquerda não se entender a nível parlamentar. Até porque continua a ter a maioria na Assembleia da República, por mais que o antigo toxicodependente Morais Sarmento (PSD) o tente negar.

Também não me agradaria nada assistir a uma coligação PS _ CDS para a formação de um Governo maioritário.

E, muito importante, não podemos esquecer a responsabilidade que cabe à tão propalada sociedade civil.

Ou seja, a toda a população, mesmo aquela parte que ignorou a sua responsabilidade cívica!

Veremos quais os resultados das eleições autárquicas a ter lugar a 11 de Outubro de 2009...