ATENTADO NO CAIRO

Vista diurna da praça onde se situa a grande mesquita xiita AL-HUSSEIN

Vista nocturna da mesma praça


A Mesquita AL-HUSSEIN, com a zona de cafés e restaurantes ao fundo

(o lado do jardim na primeira foto, aqui encontra-se à nossa esquerda)

Fotografia tirada à noite da mesma Mesquita

( à nossa esquerda, estão os cafés e restaurantes; à direita, o jardim)




Bazar KHAN AL-KHALILI, aberto ao turismo

Zona dos cafés e restaurantes à noite

Fui confrontada , de forma inesperada, com a notícia de que uma explosão mortífera , além da descoberta de um carro armadilhado, tinha ocorrido na capital egípcia em 22 de Fevereiro de 2009.

Ora, estas fotos tirei-as eu a 3 de Junho de 2008 no preciso local onde , em consequência deste ataque, ficaram feridas mais de vinte pessoas , morrendo outras quatro: uma mulher e um homem ocidentais e dois egípcios que saíam da mesquita xiita, uma das mais importantes desta corrente muçulmana,pela porta reservada aos homens.

E como Eça escreveu, toca-nos sempre mais a tragédia quando conhecemos a vítima.

Significa isto que se me chocaram os atentados de 17 de Novembro de 1997 em Luxor, os de 7 de Outubro de 2004 em estâncias turísticas, os de 23 de Julho de 2005 no Mar Vermelho e os de 24 de Abril de 2006 no deserto do Sinai, todos eles ligados ao radicalismo religioso islamita e que causaram centenas de mortes no seu conjunto, este me enfureceu e indignou ainda mais.

Porque este tipo de acções , além de intolerância, revela uma frieza extrema relativamente aos próprios egípcios: nesta zona do Cairo a maior parte das pessoas são comerciantes do vasto bazar Khan al-Khalili, dos cafés e restaurantes da zona e fiéis que entram e saem da Mesquita tanto para a parte masculina como para a parte reservada às mulheres.

O Egipto com a sua riquissima História, com os seus importantíssimos monumentos , depende em muito do turismo, até porque o seu solo é desértico a quase 100%. Por essa razão criou um sistema de protecção a quem o visita presente em todos os lugares, incluindo hotéis, autocarros e barcos.

No ano passado recebeu treze milhões de visitantes, movimentando onze mil milhões de dólares em negócios!!

Mas , desgraçadamente, o espírito de cruzada da Europa medieval parece ter-se instalado neste início do século XXI no Médio Oriente, com todas as nefastas consequências daí advindas quer para os muçulmanos e muçulmanas com maior abertura e tolerância quer para o Ocidente.

No entanto, é também necessário não esquecer que o próprio Ocidente carrega aos ombros um pesado fardo de responsabilidade face a esta intransigência das facções árabes mais radicais, tendo em conta a sua posição de franco e incondicional apoio a todas as barbaridades que Israel faz desabar há décadas sobre os Palestinianos assim como os ataques sobre o Líbano.

Além da sua própria brutalidade contra o Iraque , demonstrada à saciedade nas medidas retaliatórias após a Primeira Guerra do Golfo - causando a morte e o sofrimento a largos milhões de pessoas, entre elas cerca de meio milhão de crianças ( e que Madeleine Albright - e não só - considerou um preço que valeu a pena pagar!!!); e a invasão do mesmo Iraque sob o pretexto falso e construído propositadamente da existência de armas de destruição massiva.

Quando é que aprenderemos o respeito mútuo?!