EU, ANTÍGONA

Viva!

A conversa de hoje foi motivada por um poema de José Tolentino de Mendonça, transcrito mais abaixo.

Ao contrário do que possa parecer e do que , aliás, já me foi dito mais do que uma vez, eu não sou - nem posso ser ! - uma pessoa feliz.

Profissionalmente, tive, graças a Deus, um percurso altamente satisfatório.
Trabalhei sempre nas áreas que mais me apaixonaram: Educação e Formação.

A nível pessoal, não posso afirmar o mesmo : a relação com minha mãe foi extremamente complicada, o meu casamento acabou em divórcio e o meu único filho não é propriamente o que se esperaria.

Como se não bastasse, ainda houve situações muito sofridas pelo meio.
´
Só que este caminho complexo e muito difícil levou-me a encontrar racionalmente o Grande Espírito ( ou o nome que lhe quiserem dar : isso não é importante...).

A partir do momento em que compreendi que o objectivo da nossa vinda-à-terra é o nosso desenvolvimento e aperfeiçoamento, atingi algo inestimável :
a paz e a serenidade!

Aprendi de igual modo que a força para solucionar os problemas que nos afligem, tem que ser encontrada dentro de nós, porque o caminho de cada pessoa é individual e intransmíssivel.

Além disso, é indispensável erguer a cabeça, enfrentar as adversidades e seguir em frente com uma atitude positiva, de coragem e dignidade.

Neste aspecto, tive o privilégio de poder seguir o exemplo de meu Pai e de ter o apoio certo e infalível de um círculo de amizades provado a ferro e fogo.

É com este testemunho de vida que vos ofereço um poema que não foi escrito para mim, mas poderia ter sido:



ANTÍGONA E A LEI DOS HOMENS

Estava tão quieta que podia
reconstruir o tempo instante a instante
a história desse sofrimento
as confidências da casa grande
- onde se via já velha e sózinha -
o sobressalto das ameaças


o mundo girava muito mais leve
ou teria ela aprendido
como se ultrapassa o medo


sentia-se arrastada
não por palavras duras
antes uma espécie de alegria
em alguma parte
quando se perguntava:
"que foi que perdi?"


com os olhos fechados, calmos
porque não saberia mais a que ligá-los
sentava-se na penumbra


e esta estranha paz
era diante dos infortúnios
o seu único poder


Pois, como fazem as pessoas com doenças terminais, temos que aprender a viver com a dor!

Espero que gostem do apontamento musical:

http://www.youtube.com/watch?v=1p2g2WuGXwE

Bom fim de semana!