Mário Vargas Llosa, escritor peruano que recebeu o Nobel em 2010, escreveu "A Civilização do Espectáculo" em 2012.
Eu já li dois romances dele e gostei principalmente de "A Festa do Chibo", pelo que decidi experimentar saber como o acharia no seu lado de ensaísta.
Devo dizer que não me arrependi. Claro que talvez tenha a ver com uma certa aproximação geracional e alguma afinidade de gostos e maneira de encarar o mundo.
Uma pessoa muito mais nova , criada já dentro deste caleidoscópio de imagens, sons , cores e vacuidade , poderá eventualmente achá-lo um pouco retrógrado e , talvez, até snob.
A qualidade da escrita é muito boa, como não poderia deixar de ser, e os temas que foca são totalmente pertinentes.
A sua crítica contundente e quanto a mim justa , centra-se na banalização da cultura e no conceito abrangente do termo, fazendo com que tudo seja um espectáculo destinado a divertir as pessoas.
Fique claro que o autor não se insurge contra o divertimento em si, mas sim contra o facto de , actualmente, ele se ter transformado num objectivo omnipresente.
Além disso, a enorme e múltipla informação ao nosso dispor faz com que o conhecimento seja menor e que todos os assuntos sejam pouco aprofundados.
Passou-se em pouco tempo de um extremo ao outro em vários campos e tudo (ou quase tudo) é aceite em nome da tolerância, da arte de vanguarda, da liberdade sexual ou outra.
Llosa dá vários exemplos: aulas de masturbação em programas escolares (com esta, tive um ataque de riso em plena esplanada), o uso de véu islâmico nas escolas ocidentais, o sexo pelo sexo friamente, tubarões em gaiolas de vidro vendidas por milhões como obras de arte.
Para quem não estiver como peixe na água face ao que parece ser tão natural no mundo actual ( é o meu caso), penso que é quase obrigatória a leitura deste ensaio.
Espero ter despertado o vosso interesse e que , depois, tenha o gosto de saber a opinião de quem ler.
"Se quisermos que o amor físico contribua para enriquecer a vida das pessoas, libertemo-lo dos preconceitos, mas não das formas e dos rituais que o embelezam e civilizam e, em vez de o exibir à luz do dia e pelas ruas, preservemos essa privacidade e discrição que permitem que os amantes brinquem a ser deuses e sentir que o são naqueles instantes intensos e únicos da paixão e do desejo partilhados."
"No passado , a cultura foi frequentemente a melhor chamada de atenção para problemas, uma consciência que impedia que as pessoas cultas virassem as costas à realidade crua e dura do seu tempo. Agora, acaba por ser mais um mecanismo que permite ignorar os assuntos problemáticos, distrair-nos do que é sério."
Na semana passada li "A Tia Júlia" e hoje comecei a ler "Quem Matou Palomino Molero?", ambos de Vargas Llosa. Quanto a esse... fica para uma próxima.
ResponderEliminarBoas leituras!
:)
A cultura passou a ser algo para ser visto ou usado por humanoides com a monomania da Humanidade... Cultura? Ontem foi Secretaria, amanhã será uma Direcção Geral. Talvez venha a ser um serviço da Direcção Geral de Saúde, assistindo aos últimos "dementes"...
ResponderEliminarNunca li nada deste autor, por acaso. Mas este livro deve ser bem interessante...
ResponderEliminarTe confieso que de él solamente he leído dos obras: La tía Julia y el escribidor, y Pantaleón y las visitadoras. Éste que tu recomiendas se ve muy interesante.
ResponderEliminarUn abrazo.
Tenho um livro de Llosa para ler, mas não é este. Aliás, praticamente só leio ficção, não tenho muita paciência para ensaios. De qualquer das formas isso não me parece geracional, mais uma questão de gosto. Os putos, é claro, leem pouco ou nada de qualquer das coisas... :)
ResponderEliminarAh, e gostei muito dos dois livros que li de Llosa: a Tia Júlia e Travessuras de uma menina má.
Beijocas!
Só o titulo, deve quere dizer muito. A civilização do espectàculo, então os politicos é cada "teatro" ;)
ResponderEliminarNunca li nada dele.
beijinhos
Com canais tv a transmitir 24 sobre 24 horas não é possível qualidade, só é possível Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Ferreira Leite, José Sócrates, Pacheco Pereira... graças a Deus que existe o Zezé Camarinha para lucidez.
ResponderEliminarGracias mi muy querida amiga Sao por lo que nos traes y aportas de Vargas Llosa.
ResponderEliminarAbrazo grande!!!
Ai que eu não me recordo se li mais do que "Travessuras de uma menina má", que me prendeu do princípio ao fim e que guardo religiosamente porque está repleto de comentários no interior (aqueles...).
ResponderEliminarEste, a avaliar pela sinopse e pelas gargalhadas também deve valer a pena.:)
Amiga minha, vim trazer-lhe um enorme beijinho e repetir-lhe o quanto gosto de si!:)
Olá!
ResponderEliminarSugiro também "A Sociedade do Espectáculo" de Guy Debord.
Cumprimentos
Não gosto nem do escritor nem da pessoa. Feitios!
ResponderEliminarAbraço
Despertaste a minha curiosidade em ler esse ensaio.
ResponderEliminarVou tomar nota...
São, tem um bom resto de semana.
Beijo.
Minha querida
ResponderEliminarHoje passando para dizer que estou voltando (ainda devagar), mas com muita saudade e agradecendo as palavras de carinho deixadas durante a minha ausência.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Rosinha, bem vinda!
ResponderEliminarObrigada pela visita e o meu abraço com afecto e desejos de definitivas melhoras.
Dele já li três e ainda quero tentar mais um romance só para confirmar uma coisa...
ResponderEliminarAbraço, RUI
TETÉ, fico surpreendida que uma mulher como tu que adora ler não aprecies ensaios!
ResponderEliminarAcho que este gostarias de ler, pois foca vários temas ( o que o torna mais leve) e tem paragráfos de nos fazer rir de gosto.
Um bom dia para ti.
Obrigada pela sugestão, CARLOS!
ResponderEliminarBom resto de dia.
Gosto do escritor, não tanto da pessoa.
ResponderEliminarTudo de bom, LINO.
Vargas Llosa es un gran escritor y un gran analista. Este ensayo es polémico por intención. Comparto parte de lo que dice, pero no todo.
ResponderEliminarBesos.
Pois há coisas que também não concordo na totalidade, mas no conjunto não discordo.
ResponderEliminarBesos, amigo mio
Lê e depois diz o que achaste.
ResponderEliminarEu, no conjunto, concordo com ele...embora ache ali umas coisas algo elitistas.
Bom resto de dia, querido NILSON
Eu gostei muito do romance histórico "A Festa do Chibo", que aborda a feroz ditadura de Rafael Trujillo na República Dominicana( 1930-1961).
ResponderEliminarDeste ensaio também gostei, embora haja ali , por vezes, um certo snobismo.
Beijinhos para vós, MINA
ROGÈRIO, a Cultura é algo que não convém ao Poder que nós tenhamos. O mesmo se passa com a Educação.
ResponderEliminarFica bem
Eu gostei, porque , por exemplo, no campo da Arte acho algumas coisas perfeitas aberrações e pasmo como há quem embasbaque perante aquilo .
ResponderEliminarEstou a lembrar-me de um cão amarrado numa exposição. sem água nem comida...
Lembro-me também de um outro "artista" ter sentado numa exposição um jovem com síndroma de Down...
E cada vez que me lembro dos boiões com corações de animais que vi na ARCO, quase vomito.
Abraços, GRAÇA
Para quem gosta de ensaios, recomendo.
ResponderEliminarDesses que apontas, não li nenhum.
Besos, RAFAEL.
E te esqueceste do Zá Cabra, que quando ouvi a primeira vez fiquei sem saber se aquilo era a sério ou não, rrsss
ResponderEliminarBons sonhos, Táxi
Quem queda grata por tuas simpáticas visitas sou eu, estimado RICARDO.
ResponderEliminarBem hajas!
NININHA querida, parece que há uns livros dele que tenho que ler ainda, rrrsss
ResponderEliminarSE gosta do escritor e de ensaios , penso que este lhe agradará.
Pode ter a certa certeza de que é retribuída, meu anjo.
Abraço com toda a gratidão e carinho, Amiga minha
É um erro crasso, Zé Cabra não estar no maior evento da cultura portuguesa, no Picnicão do Tony Carreira (aquele evento tem que evoluir para incluir todos os maiores vultos da cultura nacional).
ResponderEliminarDe acordo!
ResponderEliminarNomes desses são históricos.
Boa noite