Um dos meus sonhos de há muitos e muitos anos era o de visitar Mont Saint-Michel, um lugar místico e com uma História rica.
Infelizmente, não me foi possível subir até ao templo e gostaria de que a maré estivesse cheia e não estava. Ainda assim, foi maravilhosa a concretização desta minha vontade de poder admirar aquele monumento.
Aqui ficam algumas das fotos que tirei, espero que vos agradem e lhes consigam transmitir algo do que se sente lá.
O dia em que eu nasci morra e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar,
Não torne mais ao mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o sol padeça.
A luz lhe falte, o céu se lhe escureça,
Mostre o mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas, pasmadas de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao mundo a vida
Mais desaventurada que se viu !
Medusa é uma conhecida figura da mitologia grega.
Toda a gente conhece o seu fim violento , mas será bom relembrar a tragédia da sua vida numa das versões sobre ela.
Medusa era sacerdotisa no templo de Atena , onde , depois de várias tentativas frustradas de a seduzir, Poseidon , deus do mar, a violou.
E é aqui que , para mim, começa a ser interessante o mito pela transposição possível para os tempos actuais quanto a mulheres violadas.
Atena , furiosa pela profanação do seu templo, em vez de castigar o agressor, descarrega a sua raiva sobre a vítima : transforma-lhe os cabelos em serpentes e quem a fitasse nos olhos se transformaria em pedra.
Mais tarde , Perseu acaba por a decapitar e será louvado por esse assassínio.
Como sabemos, nos nossos tempos a situação das mulheres vítimas de predadores sexuais não difere da de Medusa: são violadas porque "estão em sítios em que não deveriam estar e, muitas vezes , a horas desadequadas", "vestem roupas provocantes ", "põem-se a jeito ", " pensam que são iguais aos homens ", " se não denunciam, é porque consentiram de algum modo", etc.
Os agressores escapam sempre porque " um homem é um homem", " ela é que o provocou ", " cedeu á tentação, coitado ", etc.
Como se sabe a solidariedade entre mulheres deixa muito a desejar e as primeiras e mais ásperas críticas surgem de outras mulheres.
Consequentemente, a vítima acaba por ser humilhada e ostracizada e é assassinada socialmente.
E assim se repete o drama de Medusa até ao infinito.
Os mitos são muito interessantes e dão-nos profundas lições de vida. Principalmente por continuarmos numa sociedade machista.
