sábado, abril 27, 2013

PIDE , TERRORISMO DE ESTADO

Portugal libertou-se da ditadura Salazar-Caetano em 25 de Abril de 1974, mas para os  homens e mulheres presos pela sinistra polícia política nas suas masmorras, com especial destaque para Caxias e Peniche, o fim do seu sofrimento às mãos dos torturadores só chegou  a 27 de Abril de 1974.

Estes dois dias de diferença foram vividos primeiro na ignorãncia ,pois não tinham contacto com o exterior; depois no pânico que se tivesse concretizado o golpe militar de extrema-direita comandado por Kaúlza de Arriaga , na senda do que Pinochet fizera a 11/9/ 1973 no Chile; e, por fim, na expectativa de quem saía ou não da prisão.

São os testemunhos de algumas destas pessoas que a jornalista Joana Pereira Bastos recolheu no livro posto à venda esta semana intitulado "Os Últimos Presos do Estado Novo", que dedicou a sua tia Fátima , prisioneira em Caxias na época e que nunca falou da sua terrível experiência.

Ainda hoje as marcas do sofrimento físico e psicológico são muito presentes nestas pessoas: sentimento de culpa por parte de quem não suportou as torturas e falou, insónias, pesadelos, ódio, impossibilidade de ouvir certos sons ( bater de uma moeda ou porta-chaves numa superfície, choro de crianças). Vivem uma situação , tal como os militares, de stress pós-traumático.

Conheço pessoalmente Maria da Conceição Moita e é impressionante ouvi-la falar sobre o tempo da sua prisão e fui amiga de Acácio Justo,já falecido, companheiro de cela de Álvaro Pato, Rafael Galego, Saldanha Sanches, Manuel Felizardo e Carlos Pereira.

Só relato dois exemplos das atrocidades em Caxias:

- A José Lamego "durante uma semana, fecharam-no no «segredo» , uma cela subterrânea, escavada a cerca de três metros de profundidade nas traseiras do reduto norte, sem janela e onde as luzes só eram acesas ao almoço e ao jantar."


- Na cela "Elas tinham criado normas para facilitar o convívio forçado num espaço tão exíguo. (...) Perante o que tinham passado na tortura, a saudade do que haviam deixado lá fora e o medo dos anos que ainda teriam pela frente, poder chorar, à vontade e sem condicionamento, era essencial para o equilíbrio de todas. O silêncio também."

Penso ser indispensável a leitura e divulgação deste livro, que li de rajada, para que as gerações  pós-ditadura tenham conhecimento do horror que foi viver em Portugal durante os quarenta e oito anos de um regime que não hesitou ante nada para se manter. E que teve , no aperfeiçoamento da polícia política , o apoio alemão e da CIA.

Relembro ainda que torturas bárbaras e  inomináveis foram praticadas em Peniche , Terceira , Tarrafal, que a autora não aborda aqui por se ter centrado  em Caxias.

quarta-feira, abril 24, 2013

VIVA O 25 DE ABRIL !

Era de noite e levaram
Quem nesta cama dormia
Sua boca amordaçaram
Com panos de seda fria


Era de noite e roubaram
O que nesta casa havia
Só corvos negros ficaram
Dentro da casa vazia

Rosa branca, rosa fria
Na boca da madrugada
Hei-de plantar-te um dia
Sobre o meu peito
Queimada na madrugada


JOSÉ AFONSO

terça-feira, abril 23, 2013

DIA DO LIVRO









Para comemorar este Dia escolhi homenagear Manuela Fonseca , figura ilustre do Barreiro com vasto trabalho na área da Educação, de quem tenho o prazer e a honra de ser amiga desde os tempos já longíquos em que frequentámos o Liceu Nacional de Setúbal.

"Crónicas Barreirenses" é uma recolha de textos publicados pela autora ao longo dos anos em jornais e outros suportes comunicacionais.

Aí é transmitido o seu orgulho de pertencer a uma família de tradição ferroviária, o seu acrisolado entusiamo pelo "Barreirense", as suas profundas e vividas convicções democráticas , as experiências pedagógicas e trabalho educativo , a paixão pelo Barreiro, a amizade por várias pessoas ( entre as quais eu, perdoem-me a imodéstia).

Para ela , amante de livros e excelente praticante da escrita, o meu respeito, a minha amizade de sempre e a minha admiração pela força que  tem demonstrado.

Em ti, Manela, simbolizo o amor que os livros me inspiram desde que me conheço!


quarta-feira, abril 17, 2013

POEMA : ANA TAPADAS



Para quem quiser conhecer melhor quem assim escreve é só ir até sua casa:

AVIS  RARA


terça-feira, abril 16, 2013

PARAÍSOS FISCAIS




"Os paraísos fiscais são o elo extremo no processo capitalista de otimização  da apropriação privada da riqueza.

Se existe uma intenção real de os acabar  quem impede que isso aconteça? Existem  dois tipos de resistência.

Primeiro: são indispensáveis para que os grupos financeiros globais se possam refugiar no anonimato.Estes grupos  têm profundas ramificações políticas, influenciam assim a posição dos governos que determinam  a agenda internacional.

Segundo: os ditadores considerados "amigos e convenientes", que se apropriam de parte significativa da economia das suas nações. Procuram, em seguida, portos de abrigo e de branqueamento para os valores desviados.

No paraíso celestial , só entrariam os pobres. Nos fiscais, só escapam os mais poderosos."

VÍCTOR ÂNGELO
(Abril 2013)